My Eyes

I have an eye and my O my Sometimes I see too much Maybe I need blinkers And rely much more on touch. My eye can investigate the sky And see far into the blue I then leave my mind behind And return…

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Quero Ser Feliz

Eu penso sobre como as minha família tem muito orgulho de títulos e sucessos alcançados academicamente e profissionalmente, mas pergunta para mim sobre como é a minha família no íntimo e você percebe um monte de coisas ruins, jogadas para debaixo do tapete, situações e pessoas que deveriam ter sido enfrentadas, mas são apenas ocultas. Não é que a minha família seja ruim (a maior parte), mas tomam decisões que acabam ferindo alguém.

Eu digo minha família, mas não sei se realmente são essas coisas pra mim, confesso que alguns tios e alguns primos que realmente me amam, eu até esqueço que fazem parte de uma família maior. Considero-os amigos, companheiros, coisas que aprendi na adolescência que valiam mais que a minha família.

Eu cresci não me sentindo ouvida, muitas e muitas vezes pensei em ser adulta para ter uma voz e poder reunir minha família e dizer: olhem essas questões aqui, eu precisei de vocês e não tive ninguém, olhar só o lado da minha mãe, não conta. Eu quero que ouçam, eu não sou família também?

Mas quanto mais eu crescia mais a minha mãe me descredibilizava, me chamava de infantil, de mentirosa, de inventar coisas, cada vez mais eu ficava com medo mim mesmo, assustada, apavorada, eu não acreditava em mim. Mamãe vivia repetindo que eu fazia papel de vítima e isso sempre fez acreditar que as coisas que eu sofri não eram horríveis, era só eu fazendo papel de vítima.

Meu pai me abusou na infância? tudo bem ele é doente, você tem que perdoar.

Minha tia gritou injustamente comigo? Você fez algo de errado.

Foi estuprada na casa de uma amiga? Estava fazendo o quê lá em primeiro lugar e bêbada?

Foi estuprada pelo primo? Pra começar estava com ele porquê?

Foi assediada pelo marido da mãe? Bom, você tem que perdoar e ver que sua mãe faz o melhor para ela.

Isso são coisas que eu escondo, como se fossem meu segredo sujo. Como se a culpa fosse minha, principalmente com relação ao meu primo. Hoje em dia eu percebo que fui manipulada, e foi um caso de poder. Eu não me orgulho disso, mas o que ele fez foi imperdoável. Eu era muito nova e ainda mais ingênua do que eu sou hoje. Mas eu não quero mais esconder, eu quero tirar esse peso de mim, me livrar. Eu não aguento mais ficar com as coisas entaladas. Eu não acho justo. Eu carrego essas coisas como uma bagagem pesada, como um pecado, como se eu não pudesse errar também. Como se eu tivesse que ser perfeita. Eu estou cansado e nada disso é perfeito.

Às vezes eu tenho nojo do meu corpo por ter atraído tanto assédio e violência para mim. As vezes fico ressentida e esperando que o que eu fiz de ruim na minha outra existência tenha sido tão horrível e duradouro.

É ruim demais saber que quem me feriu tá livre por aí. Por exemplo, o menino que me estuprou quando eu estava dormindo, será que ele fez isso pra mais alguém? O meu primo babaca que eu já havia percebido, usou da fragilidade de outra pessoa pra conseguir o que queria? Eu não gosto nem de pensar no marido da minha mãe sendo professor. Me assediou várias vezes, uma delas eu estava tendo uma crise de ansiedade, imagina o que não vai fazer com alunas. É meu dever falar isso pra alguém? Imagina quantas pessoas podem ser reféns dessas pessoas. Eu não quero nem falar do meu pai, que minha própria mãe sabia que eu não fui a primeira e nem devo ter sido a última.

Eu não acho que denunciar seja uma coisa boa, porque não tem provas, sistema machista e tudo mais, mas eu não quero ficar mais calada, eu não quero mais ter vergonha. São anos desde a minha infância carregando esse peso. Desde os 10 anos indo para terapia, isso nunca vai passar se eu continuar carregando essas coisas.

Eu quero falar… eu não quero ter que responder mensagens do meu pai, ouvir ele dizendo que me ama. Eu não quero ter que participar do evangelho no centro, vendo um assediador dando depoimento como se não fosse uma pessoa horrível e a minha mãe que sabe de tudo ali do lado. Eu sei que todos tem o direito ao perdão, mas ele só vem quando as pessoas conhecem os erros dessas pessoas. Eu não quero mais me calar.

Eu quero ser feliz, deixar essas coisas para trás, mas preciso enfrentá-las, contar para alguém, ser ouvido e ouvir.

Às vezes penso que não encontraria voz entre uma reunião de família, eu ainda me lembro do medo que senti quando a vovó morreu, do medo de ser posta de lado. Quando a mamãe me expulsou de casa e ninguém fez nada, eu fiquei me sentindo horrível. Eu queria poder ter procurado ajuda, mas eu não sabia se tinha espaço e até hoje eu não sei. Todas as coisas que fizeram por mim, eu sempre achei que era porque eu era filha da minha mãe e não por mim mesma. Isso doeu, isso dói até hoje. Mas eu quero me libertar, eu não quero mais ficar preso em sentimentos que talvez só eu compartilhe. Eu quero me sentir leve e livre. Quero que as pessoas saibam a minha história e escolham se eu sou alguém que vale a pena ou não. Eu não quero ser uma pessoa que parece que só emana coisas ruins, pecado. Eu já me acho muito errado as vezes quando tomo uma cerveja, ou quando faço uma nova tatuagem. Eu só quero fazer as coisas que eu gosto e ser feliz.

Eu quero ter coragem também para dizer, eu não estou bem agora, mas estou melhorando. Eu não consigo trabalhar agora ou estudar por muito tempo, porque eu estou cansada, eu sei que eu preciso de um emprego, mas por favor me dê um tempo. Eu sinto que tô melhorando aos poucos, eu não penso mais que morrer seja melhor, antes eu vivia todo dia rezando fervorosamente para que fosse o último, eu não sei quantas vezes chorei e vomitei pedindo a Deus para que me levasse, mas hoje eu não faço mais isso. Eu só quero ser feliz, respirar, poder dormir, poder sentir orgulho de mim mesmo e não manter o segredo sujo de ninguém escondido, como se fosse o meu próprio pecado.

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